O governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) disse, neste domingo
(17), que falta vontade política para fazer a reforma tributária no
Brasil. “Os impostos estão matando a geração de emprego, estão matando
muita média empresa brasileira e tem debate sobre isso em toda
categoria, tem acúmulo de conhecimento sobre isso, falta é uma decisão
política para fazer, o que faltou nesses últimos 20 anos”, afirma. A
declaração foi dada durante a participação do presidente do PSB da
inauguração de projeto de acessibilidade em trecho da praia de Boa
Viagem, na Zona Sul do Recife. “Tudo que é governo tentou fazer [a
reforma tributária] e não conseguiu, porque tem muita gente vivendo bem
com esse sistema tributário que está aí”, disse o governador.
Eduardo Campos minimizou as declarações que deu durante um jantar em São
Paulo, na semana passada, onde afirmou que poderia ter sido feito mais
pelo Brasil. As declarações foram encaradas como críticas ao governo
Dilma Rousseff por alguns analistas políticos. “Quando falo em fazer
muito mais, em todas as áreas, eu acho que dá para fazer muito mais. Se
perguntar à presidente Dilma se ela deseja fazer muito mais, ela vai
dizer que com certeza, sei o espírito público que ela tem, que ela quer
fazer mais”, explica.
A agenda de visitas a empresários de diversos setores, segundo o
governador, é a mesma de anos anteriores. “Tenho feito o que sempre fiz.
Se você for ver minha agenda em 2007, em 2008, e até mesmo antes de eu
ser governador, sempre participei desses fóruns de debates, fóruns de
intelectuais, de empresários, de estudantes. Não vou deixar de fazer
isso, nós vivemos a democracia exatamente para que a gente possa debater
e expor as nossas ideias”, alega. Antes de ir a São Paulo, Campos
esteve em Brasília, em uma reunião no Senado da qual participaram vários
governadores para discutir projetos relacionados ao pacto federativo.
Apesar de afirmar preferir não discutir a eleição de 2014, Campos
apontou que as soluções de que o Brasil precisa não surgirão tendo por
base o ‘velho pacto político’. “O pacto político, a meu ver, que vai ser
capaz de fazer as mudanças continuarem, acelerarem, não será
conservador, com as velhas políticas, com aquilo que incomoda a
sociedade brasileira. O prazo [para fazer esse pacto] acho até que está
passando, porque a gente precisa dessa renovação, mas não é possível
dizer em qual data ele vai se dar. Eu já sinto os sinais do processo de
renovação, vi isso aqui em Pernambuco, fiz parte desse processo de
renovação”, diz o presidente do PSB.
Reafirmando que 2011 e 2012 foram anos duros para o Brasil e que é
preciso, primeiro, ganhar 2013, Campos fez novamente críticas à
antecipação do debate eleitoral. “Infelizmente o debate eleitoral parece
que foi antecipado, aí tudo que disser haverá sempre quem puxe para a
questão eleitoral. É um direito de quem puxa para a questão eleitoral,
assim como é um direito meu continuar discutindo o futuro do Brasil sem o
viés eleitoral”, defende.
Sobre as conversas e futuras parcerias, o governador insiste que vai ser
preciso investir em renovação. “Eu acho que o debate sobre 2014, lá em
14, vai exigir um diagnóstico sobre a situação econômica, a situação
política, mas sobretudo sobre os sinais que são dados pela sociedade. A
própria eleição da primeira mulher para a presidência da República, as
eleições municipais em 2012, com uma série de jovens talentos políticos,
demonstram um grande desejo da sociedade por renovação”, afirma.
Reforma tributária
Na solenidade no Recife, Eduardo Campos teceu críticas ao sistema
tributário brasileiro, o qual definiu como um dos piores da América
Latina. Embora afirme que as desonerações fiscais são importantes, como a
que foi feita pela presidente Dilma no começo do mês, em relação à
cesta básica, Campos ressaltou que as últimas ações não bastam para
resolver os problemas brasileiros. “Ultimamente, estamos fazendo
desonerações tributárias muito pontuais, para setores, que é importante
para aquele setor, mas acho que os efeitos dessa desoneração sobre a
economia já demonstraram que eles, a cada dia que passa, são mais
limitados. É como se você já tivesse acostumado o organismo com
determinado tipo de medicamento e determinada dose”, afirma.
A solução, defende Campos, é ampliar as desonerações – e daí a
necessidade de uma reforma tributária ampla. “A gente precisa pensar e
fazer reduções tributárias mais lineares, transversais ao conjunto da
economia. Às vezes, um setor que merecia, só porque ele não tem muito
acesso, não é muito organizado, termina sem ter desoneração porque outro
mais organizado, que fala mais, que reclama mais, que tem mais acesso
aos governos, alcança isso. Então, acho que em tudo que tiver espaço
fiscal para fazer a desoneração, a gente precisa fazer”, aponta o
governador de Pernambuco.
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