O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF/PB), por meio da
Procuradoria da República em Patos, o Grupo de Atuação Especial Contra o
Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPPB) e a
Controladoria Geral da União (CGU) deflagraram, na madrugada desta
sexta-feira, 16 de outubro, a Operação Dom Bosco, que tem por objetivo
central desarticular uma organização criminosa estruturada para fraudar
licitações e desviar recursos públicos em contratos de fornecimento de
material de expediente, papelaria, entre outros bens consumíveis. A
Polícia Rodoviária Federal (PRF) também integra a equipe de trabalho da
operação, auxiliando no cumprimento dos mandados judiciais.
Estão
sendo cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão
preventiva, além da condução de quatro pessoas para prestarem
esclarecimentos, nas cidades de Patos, Campina Grande e João Pessoa.
Estão envolvidas as empresas Livraria Dom Bosco, Gráfica Santo Antônio,
Mix Mercadinho e AMPLA Comércio LTDA. As buscas estão sendo feitas nas
sedes das empresas e nas residências dos envolvidos.
A
sede da prefeitura de Patos também está sendo alvo de busca e
apreensão, para obtenção de documentos referentes aos contratos entre a
prefeitura e as empresas AMPLA e Mix Mercadinho.
Segundo
o procurador da República, João Raphael Lima, as investigações para
descortinar o esquema criminoso começaram em 2012. Originalmente a
organização agia simulando procedimentos licitatórios na modalidade
“Carta-Convite”, nas quais competiriam, pretensamente, as empresas
Papelaria Patoense, Mix Mercadinho e Livraria Dom Bosco.
As
investigações revelaram que a empresa Mix Mercadinho era formalmente em
nome de funcionária da Papelaria Dom Bosco, a qual também é parente dos
proprietários da papelaria. Contudo, a firma Mix Mercadinho era de fato
comandada pelos proprietários da Livraria Dom Bosco, os quais também se
valiam de parceria comercial com a Papelaria Patoense para simular as
licitações.
Este esquema existiria há mais de uma
década e perdurou, neste modelo, até 2013, tendo sido replicado em pelo
menos 21 municípios. A investigação revelou que a partir do ano de 2013 o
esquema criminoso modificou-se.
“Se antes o grupo
se valia de empresas meramente instrumentárias para simular licitações
na modalidade ‘Carta-Convite’, a partir de 2013 passou a atuar em
licitações na modalidade pregão presencial, firmando contratos de grande
valor, sobretudo com a Prefeitura Municipal de Patos. Com efeito, em
apenas uma licitação deflagrada pela referida prefeitura, a empresa
AMPLA Comércio LTDA, pertencente ao grupo, firmou contrato de mais de R$
8.000.000,00 (oito milhões de reais)”, relatou o procurador.
“Temos
um esquema criminoso que já dura vários anos, o qual se iniciou por
meio de fraudes em licitações na modalidade convite, por meio da
utilização de empresa de ‘laranja’ e de empréstimo de empresa existente,
e que, posteriormente, a proprietária formal da empresa ‘laranja’
passou a atuar diretamente nas fraudes, sob as orientações do líder da
organização criminosa, seja por meio de sua empresa ou de nova empresa
criada para tanto”, acrescentou o procurador.
Além
de recursos próprios, nas fraudes foram utilizados recursos federais,
sobretudo relacionados a repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE).
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