15 de mar. de 2018

Sena na Paraíba - Carros-pipa não chegam e falta água até para compra

A seca não é um problema apenas do Sertão do estado. No Brejo da Paraíba, as dificuldades para se ter acesso à água ainda seguem sendo uma realidade na rotina dos moradores, em uma região que é mais próxima do litoral do que das secas cidades sertanejas.
Além dos reservatórios que abastecem as casas da população estarem com volumes baixos, as políticas emergenciais do poderes públicos como, por exemplo, a disponibilização de carros-pipa para a população, não tem sido eficaz. São 1.055 carros-pipa que atendem a 394.943 pessoas na região, o que é uma proporção de apenas um carro para 374 pessoas, no serviço organizado apenas pelo governo federal.
Com um atendimento que não cobre as necessidades práticas de todos que precisam do recurso natural, o jeito então para muitos é recorrer para açudes particulares. No entanto, até comprar água tem sido muito difícil para os moradores do Brejo.
No município de Solânea, Brejo do estado, a 139 km de João Pessoa, o radialista Luís Almeida tem se desdobrado para conseguir água. Como o reservatório que abastece a cidade – Canafístula II – conta com apenas 8,5% da capacidade total, água nas torneiras só mesmo uma vez por semana.
Entretanto, Luís conta que há dois meses a situação estava bem pior e os carros-pipa dos programas dos governos do Estado e federal não chegam até a zona urbana, pelo menos não na região onde ele mora.
“Já chegou a ficar duas semanas sem chegar água porque a barragem estava quase seca. Sem ter como continuar com a cisterna vazia, eu tive que apelar para comprar água”, conta o radialista.
As dificuldades não param na escassez provocada pela baixa na barragem. Luís revela que, em algumas ocasiões, não encontra nem mesmo onde comprar. “A maioria dos proprietários de reservatórios aqui da região já fornecem para prefeituras e não podem vender para terceiros para não comprometer seus açudes. Por isso, já houve vezes aqui que a gente não encontrou água nem mesmo para comprar”, contou.
A barragem Canafístula II já chegou a ficar com pouco mais de 2% de sua capacidade total obrigando a Cagepa a entrar no volume morto do reservatório.
Operação carro-pipa tenta diminuir prejuízo
A Operação Carro-Pipa (OCP) é uma ação do governo federal, realizada em parceria entre Ministério da Integração Nacional e o Exército Brasileiro, na perspectiva de atender emergencialmente a população. O número de carros e os locais atendidos são definidos de acordo com as demandas de estados e municípios, após reconhecimento federal dos decretos de situação de emergência.
Na Paraíba são 154 municípios atendidos, inclusive Solânea, com o envolvimento de 1.055 carros-pipa para levar água potável para 394.943 pessoas. Após a situação de emergência ser reconhecida, o Exército analisa as condições de cada cidade, juntamente com o poder executivo municipal. Caso seja constatada a emergência, o município é incluído na OCP e passa a receber o abastecimento. Há ainda um serviço de carros-pipa, também financiado pelo governo federal, mas sob a organização do governo do Estado, que atende vários municípios da Paraíba.
Portal Correio tentou entrar em contato, através de ligações telefônicas por pelo menos três semanas, com o secretário da Defesa Civil Estadual, George Saboia. O secretário prometeu mandar por e-mail as solicitações dos dados acerca do serviço, sobre quais cidades recebem a medida emergencial de abastecimento de água e quantos carros-pipa estão à disposição para essas ações, mas até o fechamento desta matéria, a reportagem não teve acesso às informações.
Aesa acredita em melhora
O presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), João Fernandes, está otimista quanto ao aumento dos volumes dos mananciais paraibanos. Isto porque nas últimas semanas, as chuvas na Paraíba atingiram, em dias diferentes, todas as regiões da Paraíba.
No Sertão, por exemplo, cidades como Cajazeiras e Itaporanga, tiveram as ruas tomadas por muita água. “Já tivemos alguma contribuição no Coremas e no Mãe d’Água, que são complexos importantes do Sertão. Essas chuvas nos deram a certeza que teremos [bom] inverno. No eixo leste, já temos uma segurança hídrica, mas São Pedro está também contribuindo conosco”, avaliou.

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