A campanha eleitoral deste ano será a primeira da história do Brasil com apenas 35 dias para que os eleitores possam conhecer os candidatos, analisar as propostas de cada um e escolher em quem vai votar. Apesar da propaganda eleitoral ser liberada a partir de 15 de agosto, o horário eleitoral no rádio e na televisão só começará no dia 31 de agosto e termina no dia 4 de outubro.
De acordo com o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e presidente do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral (Ibrade), advogado Henrique Neves, o formato que será adotado prejudica, principalmente, o eleitor, a quem será levada uma quantidade grande de notícias, em curto espaço de tempo, envolvendo centenas de candidatos para 5 cargos. Por isso, tem que redobrar a atenção e estabelecer critérios.
“No total, serão 35 dias, sendo que os candidatos a eleição presidencial disporão, em conjunto, nas rádios e televisões de dois programas diários de doze minutos e meio para divulgação da propaganda em bloco, nas terças e quintas-feiras e no sábado”, comentou Neves.
Ele explicou que na prática, portanto, a propaganda eleitoral para os candidatos à Presidência da República será exibida durante quinze dias intercalados, no tempo total de 375 minutos, com prováveis reprises do programa noturno no primeiro horário do dia seguinte. “O eleitor deverá decidir quem ocupará o cargo executivo mais elevado da República nos próximos quatro anos a partir de pouco mais de seis horas de propaganda eleitoral”, afirmou.
Henrique Neves lembrou que além da propaganda em bloco, os partidos também disporão, no total, de 70 minutos diários para veiculação dos anúncios de todos os candidatos que disputam as cinco eleições que ocorrerão no primeiro domingo de outubro para os cargos de Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputados Estaduais e Distrital.
Tempos são desproporcionais
Conforme levantamento realizado pelo ex-ministro, nas eleições Gerais de 2010, o site do TSE registra que 22.538 candidatos concorreram a todos os cargos, incluindo-se os vices e suplentes. Em 2014, foram 26.162 candidatos. De 2014 até hoje, surgiram 3 novos partidos, o que revela que o número de candidaturas pode aumentar.
“Comparando os dados, chega-se à conclusão que 70 minutos diários durante 35 dias totalizam 2.450 minutos. Se este tempo fosse distribuído igualitariamente entre mais de 25.000 candidatos, cada candidato teria menos de 10 segundos para expor suas ideias e plataformas. Os partidos políticos e as coligações que disputarão as eleições provavelmente privilegiarão alguns em detrimento de outros, que não nunca aparecerão no rádio ou na TV”, comentou.
De acordo com Henrique Neves, para os candidatos preteridos restará realizar a propaganda eleitoral pela internet, que já é o segundo meio de comunicação utilizado pelos brasileiros (26%) e ultrapassou o rádio (7%) e os jornais (3%), mas ainda está distante das televisões (63%), segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia, de 2016.
Adriana Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário