20 de set. de 2015

Por crimes eleitorais - Um prefeito é cassado a cada nove dias no país

Desde a última eleição municipal, 108 cidades tiveram que voltar às urnas fora de época porque o prefeito eleito em 2012 foi afastado do cargo. Em dois anos e meio, isso significou em média um chefe de Executivo municipal cassado a cada nove dias no país. O ritmo pode impressionar, mas o problema é ainda maior.
Esse número refere-se somente aos casos de perda de mandato decretados pela Justiça Eleitoral por irregularidades cometidas na campanha e que exigiram que um
novo pleito fosse realizado. Muitos outros ocorreram sem que tivesse sido preciso convocar outra eleição. Outros prefeitos ainda perderam o mandato por infrações que extrapolam questões eleitorais, como corrupção, má gestão e até crimes hediondos. Para esses casos, entretanto, não existem estatísticas oficiais.
O GLOBO reuniu casos recentes de cassações de prefeitos que retratam essas três situações. O que une essas histórias é a instabilidade política que se instalou após o afastamento da maior autoridade da cidade. Municípios como Cajamar (SP), Coari (AM) e Restinga (SP) convivem há mais de um ano com um troca-troca do comando municipal.
No menor deles, Restinga, com cerca de 7 mil habitantes no interior paulista, o então prefeito Paulo Pitt (DEM) e a vice Luciene Fernandes (PRB) sofreram um impeachment com oito meses de governo. A comissão processante da Câmara de Vereadores acusou ambos de irregularidades na prefeitura, entre elas a contratação de funcionários fantasmas e o desvio de recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Desde então, uma crise política toma conta do município. Foram sete trocas de comando na prefeitura até hoje. Além das idas e vindas do prefeito e da vice, amparados por liminares judiciais, a população viu sentarem na cadeira de prefeito três presidentes do legislativo. Há cinco meses, a vice conseguiu voltar. Mas o clima político segue conflagrado. Há 15 dias, vereadores saíram no tapa em uma votação sobre as contas de um ex-prefeito. Foi preciso intervenção policial.
Enquanto isso, a população sofre com a paralisia administrativa. A construção de galerias pluviais num loteamento novo na cidade retrata bem a situação. Desde 2013, a obra começou e parou três vezes por causa do vaivém de prefeitos. Os moradores esperam a construção para que as ruas sejam asfaltadas. Até lá, lidam como podem com a poeira nos tempos de seca e caminhões de lixo e ônibus escolares atolados quando chove.
— Cada um que entra promete fazer, começa a obra e para. Agora a prefeita está dizendo que o dinheiro sumiu — afirmou o autônomo Julimar da Silva Rodrigues, uma das lideranças do bairro.
A obra foi orçada em 2013 em R$ 180 mil. O GLOBO procurou a prefeita várias vezes, mas não conseguiu falar com ela.

G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário