Médicos, enfermeiros e pessoal de apoio entraram em férias
coletivas nesta terça-feira (6), no Hospital São Vicente de Paula em Itabaiana
e o motivo é a falta de recursos para pagar a folha de pessoal, segundo
informou à imprensa o médico Lúcio Costa, diretor do nosocômio. O assunto
repercutiu na sociedade itabaianense, durante entrevista de Lúcio a uma
emissora local.
O diretor admitiu que cerca de 40 profissionais encontram-se
sem receber seus salários por falta de verbas. “Há cinco meses estamos nessa situação
e agora não dá mais, tivemos que fechar as portas, pois faltam inclusive
insumos básicos para o funcionamento adequado do hospital”, afirmou. Ele
sinalizou para uma provável solução para a crise, se for firmado convênio com a
Secretaria de Saúde do Estado, que repassaria mensalmente cerca de R$ 70 mil
reais para o São Vicente de Paula, que é filantrópico. “Estamos ainda
aguardando decisão judicial para voltar a receber 30 mil reais da Prefeitura de
Itabaiana, quando teríamos então R$ 100 mil reais que seria bastante para gerir
o Hospital, atendendo somente no período diurno, pois, no regime de 24 horas
ininterruptas, teríamos que contar com R$ 250 mil reais”, explicou.
A crise financeira não é exclusividade do
Hospital e Maternidade São Vicente de Paula, de Itabaiana. Pelo menos 83% dos
2.100 hospitais filantrópicos brasileiros operam no vermelho, segundo
estimativas da CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e
Entidades Filantrópicas).
A dívida total das
instituições já supera os R$ 17 bilhões, de acordo com José Luiz Spigolon,
diretor-geral da CMB. Ele afirma que, mesmo com o aumento dos incentivos
governamentais nos últimos anos, as unidades de saúde ainda não recebem o valor
que gastam ao realizar procedimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
— Em média, a tabela
SUS só cobre 60% do gasto real do procedimento. É verdade que temos incentivos
governamentais. O problema é que os incentivos não estão disponíveis para todos
os tipos de hospitais e, além disso, quando o hospital faz mais procedimentos
do que o previsto em contrato, ele dificilmente recebe por eles.
De acordo com
Spigolon, isso acontece porque os hospitais filantrópicos ganham por produção,
mas têm um número limite de procedimentos pelos quais são remunerados. Se
realizam mais procedimentos do que o previsto, podem ficar sem pagamento porque
os valores ultrapassam o teto de verbas do gestor público.
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