18 de out. de 2015

Tumulto em hospital expõe descaso com a saúde da mulher em cidades do interior da Paraíba

Apesar de curável, o câncer de mama é o tipo que mais atinge e mata mulheres no Brasil e a forma mais eficaz de combater a doença é bem conhecida por todos: a prevenção. Porém, mesmo com campanhas de conscientização, que são especialmente reforçadas no mês de outubro, não parece ser tão fácil assim detectar a doença ainda nos primeiros estágios. A fragilidade da rede pública de saúde, o Sus, coloca pedras no caminho da cura do câncer de mama em mulheres de baixa renda. Filas
e demora para conseguir marcar consultas e exames são problemas enfrentados diariamente por centenas de mulheres na Paraíba e que ficaram ainda mais evidentes neste fim de semana.
Em alusão à campanha Outubro Rosa, o Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, decidiu disponibilizar gratuitamente consultas e mamografias nesse sábado (17). A ideia era atender 250 mulheres, no entanto, um número bem maior compareceu ao hospital, o que gerou confusão e revolta das pacientes e da equipe de 150 voluntários que trabalhavam na ação.
Em relato publicado em uma rede social, a mastologista Joana Barros, que coordenou a ação, considerou que o episódio expõe o “descaso e desrespeito” com que é tratada a saúde mamária na Paraíba. Segundo ela, prefeituras do estado enviaram ônibus lotados de mulheres para serem atendidas na ação.
“Veio gente de todos os lados. Houve mulheres que chegaram ao hospital na noite da sexta-feira! A grande demanda reprimida, ocasionada pelo total abandono de atenção à saúde mamária, fez surgir um verdadeiro formigueiro humano dentro e fora do Hospital Napoleão Laureano. Todas elas em busca do mesmo objetivo: fazer a mamografia. A regulação, setor da Secretaria de Saúde responsável pela marcação deste exame, mais uma vez, provou a sua incapacidade de viabilizar esta etapa tão simples: marcar a mamografia”, criticou a médica.
Joana Barros disse ainda que a equipe de voluntários ficou assustada e indignada com a confusão gerada no hospital. Mulheres vindas de diversas regiões do estado relatavam casos da doença na família e suplicavam por atendimento, já que a doença pode ser hereditária.
“Presenciei depoimentos que me fizeram engasgar de revolta! E nós nos assustamos com o CAOS que presenciamos, mas não deixamos de cumprir o nosso compromisso que era atender dignamente estas mulheres! E assim oito mastologistas atenderam  327 mulheres, solicitando mamografias para as que tinham indicação .Fizemos a nossa parte, mas ainda não foi desta vez que estas sofredoras conseguiram realizar a tão sonhada mamografia. Fizemos o mais difícil, mobilizamos profissionais, organizamos uma estrutura e atendemos estas mulheres da forma mais respeitosa possível! Mas o que nós e estas mulheres recebemos em troca foi descaso e desrespeito!”, lamentou a mastologista.

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