Apesar de curável, o câncer de mama é o tipo que mais atinge e mata
mulheres no Brasil e a forma mais eficaz de combater a doença é bem
conhecida por todos: a prevenção. Porém, mesmo com campanhas de
conscientização, que são especialmente reforçadas no mês de outubro, não
parece ser tão fácil assim detectar a doença ainda nos primeiros
estágios. A fragilidade da rede pública de saúde, o Sus, coloca pedras
no caminho da cura do câncer de mama em mulheres de baixa renda. Filas
e
demora para conseguir marcar consultas e exames são problemas
enfrentados diariamente por centenas de mulheres na Paraíba e que
ficaram ainda mais evidentes neste fim de semana.
Em
alusão à campanha Outubro Rosa, o Hospital Napoleão Laureano, em João
Pessoa, decidiu disponibilizar gratuitamente consultas e mamografias
nesse sábado (17). A ideia era atender 250 mulheres, no entanto, um
número bem maior compareceu ao hospital, o que gerou confusão e revolta
das pacientes e da equipe de 150 voluntários que trabalhavam na ação.
Em
relato publicado em uma rede social, a mastologista Joana Barros, que
coordenou a ação, considerou que o episódio expõe o “descaso e
desrespeito” com que é tratada a saúde mamária na Paraíba. Segundo ela,
prefeituras do estado enviaram ônibus lotados de mulheres para serem
atendidas na ação.
“Veio gente de todos os lados. Houve
mulheres que chegaram ao hospital na noite da sexta-feira! A grande
demanda reprimida, ocasionada pelo total abandono de atenção à saúde
mamária, fez surgir um verdadeiro formigueiro humano dentro e fora do
Hospital Napoleão Laureano. Todas elas em busca do mesmo objetivo: fazer
a mamografia. A regulação, setor da Secretaria de Saúde responsável
pela marcação deste exame, mais uma vez, provou a sua incapacidade de
viabilizar esta etapa tão simples: marcar a mamografia”, criticou a
médica.
Joana Barros disse ainda que a equipe de voluntários
ficou assustada e indignada com a confusão gerada no hospital. Mulheres
vindas de diversas regiões do estado relatavam casos da doença na
família e suplicavam por atendimento, já que a doença pode ser
hereditária.
“Presenciei depoimentos que me fizeram engasgar de
revolta! E nós nos assustamos com o CAOS que presenciamos, mas não
deixamos de cumprir o nosso compromisso que era atender dignamente estas
mulheres! E assim oito mastologistas atenderam 327 mulheres,
solicitando mamografias para as que tinham indicação .Fizemos a nossa
parte, mas ainda não foi desta vez que estas sofredoras conseguiram
realizar a tão sonhada mamografia. Fizemos o mais difícil, mobilizamos
profissionais, organizamos uma estrutura e atendemos estas mulheres da
forma mais respeitosa possível! Mas o que nós e estas mulheres recebemos
em troca foi descaso e desrespeito!”, lamentou a mastologista.
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