O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba encerrou nesta segunda-feira
a oitiva de testemunhas no processo que investiga abuso de poder
político e econômico do governador Ricardo Coutinho nas eleições do ano
passado. Duas pessoas foram ouvidas como testemunhas de defesa do
governador, mas os depoimentos foram considerados positivos pelos
advogados da coligação A Vontade do Povo, que atuam como assistente do
Ministério Público Eleitoral, autor da ação.
Eles acreditam que as
contradições nos depoimentos reforçam a tese da acusação.
Uma das testemunhas ouvidas na corregedoria do TRE foi o diretor
administrativo do Hospital Infantil Arlinda Marques Jailson Vilberto de
Sousa Silva, que confirmou a contratação de servidores codificados sem
critérios definidos. Segundo ele, há uma carência de profissionais na
área de saúde no mercado, por isso, contrata pessoas sem concurso e sem
nenhum processo seletivo, sendo necessário apenas deixar o currículo no
hospital. Na avaliação do advogado Frederico Rego, o fato dele ocupar um
cargo de confiança reflete o viés político adotado na contratação uma
vez que não há critérios estabelecidos.
A outra testemunha, Mônica Guedes, declarou que conseguiu um
empréstimo pelo Programa Empreender para investir na comercialização de
jóias, o que faz visitando as pessoas casa a casa. O detalhe é que a
testemunha é aposentada por invalidez pelo Governo do Estado. “Como pode
uma pessoa aposentada por invalidez pelo Estado fazer um empréstimo no
próprio Estado para investir em um trabalho que requer capacidade física
e mental para exercer?”, questiona o advogado Rinaldo Mouzalas, que
também faz parte da equipe.
Já o advogado Antonio Dias aponta outra revelação feita no
depoimento: “A testemunha afirmou que foi convidada para depor em defesa
do governador por pessoas do Empreender. Isso é mais um uso da máquina
do Estado em benefício do acusado”, afirmou.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral, que pede a cassação do
mandato do governador Ricardo Coutinho por uso eleitoreiro do programa
Empreender e contratação irregular de servidores é movida pela
Procuradoria Regional Eleitoral e tem como assistente os advogados da
Coligação A Vontade do Povo, encabeçada pelo senador Cássio Cunha Lima.
Com o encerramento da oitiva de testemunhas, o processo segue para as
alegações finais. A Aije se arrasta no TRE há mais de um ano, o que
extrapola o prazo previsto em Resolução do Tribunal Superior Eleitoral.
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