Presidente da
Comissão de Acompanhamento das Obras de Transposição do Rio São Francisco, o
senador Raimundo Lira (PMDB-PB) garantiu, em entrevista neste domingo (08), que
a obra já ultrapassou a marca de 80% de execução. Segundo ele, até 2017, mais
de 100, dos 223 municípios da Paraíba, estarão sendo beneficiados pelas águas
advindas do Velho Chico.
Na
Contramão da Transposição, na Paraíba, as águas limpas da transposição do rio
São Francisco vão se misturar a águas poluídas por esgotos sem tratamento de
diversos municípios banhados pelo rio Paraíba.
O
pesquisador e doutor em Recursos Naturais, Augusto Silva Neto, do Instituto
Federal da Paraíba (IFPB), ressalta três pontos essenciais que devem ser
resolvidos pelos estados receptores para o aproveitamento adequado das águas do
São Francisco pela população: o esgotamento sanitário nas cidades ao longo dos
leitos dos rios e reservatórios, a educação ambiental da população que mora nas
áreas rurais e, no caso do rio Paraíba, o controle na extração mecanizada de
areia no leito do rio para uso na construção civil, que traz grandes problemas
ambientais. “É necessária uma ação conjunta da população, dos empresários, dos
agricultores e também dos governos… De todos que irão se beneficiar com a
chegada desse precioso recurso hídrico”, destaca Augusto Neto.
“Quem
está lá é que sabe do que precisa”, diz, apontando falta de influência da
população nas políticas públicas destinadas à região. “O povo que mora na
região ribeirinha tem que ser capaz de atuar em parceria para a preservação e
participar das decisões. A população tem que se unir para preservar o sistema e
só com educação ambiental é que isso vai acontecer”.
De
Pernambuco à Paraíba, as águas do Velho Chico, consideradas de excelente
qualidade nesse trecho, deverão seguir do reservatório Barro Branco, na altura
de Sertânia, em Pernambuco, por galerias subterrâneas ladeando a cidade de
Monteiro (PB) até a calha do rio Paraíba, explica o fiscal de campo Marcílio
Lira de Araújo. Dali, cruzará com a BR 110 na entrada do município de Monteiro,
de onde continuará até o reservatório Poções, distante cerca de 15 km. As obras
do Eixo Leste se encerram com a chegada das águas neste açude, já no estado da
Paraíba.
A
partir do Poções, as águas deverão seguir o leito do rio Paraíba, perenizando
este rio intermitente, que nasce e deságua em solo paraibano e é um dos
principais mananciais hídricos do Estado. Contudo, o professor e pesquisador
Augusto Silva Neto, que há mais de 30 anos pesquisa o rio, afirma que todos os
municípios próximos a ele lançam esgotos sem tratamento diretamente no leito.
“Todos, sem exceção”, garante. Ou seja: as águas do São Francisco, misturadas
às do rio Paraíba, estariam contaminadas ao chegar à população paraibana.
Segundo
o analista do Ibama, Ronilson Paz, o abastecimento da Paraíba pelas águas da
transposição do Rio São Francisco está condicionado à conclusão dos sistemas de
esgotamento sanitário dos municípios relacionados à obra. Não adianta trazer
água de tão longe para ser contaminada por esgotos na Paraíba. “Esse é o maior
desafio para os estados que receberão as águas”, disse Ronilson Paz.
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